Cartão postal de Ilhéus já necessita de socorro.

Primeira ponte estaiada da Bahia. Balanço após 3 anos de inaugurada.

NOTÍCIAS

9/12/2023

Sem sombra de dúvida a Ponte Jorge Amado, em Ilhéus, é uma obra de arte. Ela é um dos cartões postais mais belos da Bahia. A primeira do Estado com estais (cabos de aço) que sustentam a maior parte do tabuleiro ou estrado (onde os veículos trafegam e as pessoas passam), a obra foi inaugurada em 2020, ela é integrada à BA-001 e se tornou mais uma opção de ligação do Centro com a zona sul da cidade.

Abrindo um parêntese na matéria, na nossa humilde opinião, um erro imperdoável na execução da ponte ocorreu quando a construtora optou por fazer um acesso com pedras para erguer o pilar principal e não utilizou balsas. A areia foi se acumulando no local de tal forma que, mesmo quando parte das rochas foi retirada, a maré só passa praticamente por um lado da torre principal. Do lado da Praia do Cristo se formou um enorme banco de areia.

Erguida sobre a Baía do Pontal, após 3 anos de inaugurada, a Ponte Jorge Amado continua bela e imponente, pelo menos pra quem a contempla durante o dia. O anoitecer já revela o descaso da administração pública municipal com a manutenção de tão belo presente que a cidade recebeu do Governo do Estado.

A torre principal da ponte, já não dispõe da bela iluminação com luzes coloridas. Basta caminhar com atenção do trecho complementar que é ligado à Avenida Soares Lopes até próximo à Cabeceira Leste do Aeroporto de Ilhéus para se constatar o grave descaso com a iluminação pública nesse percurso e no entorno. O TranscendNews contabilizou um número absurdo de luminárias queimadas ou inexistentes nos postes: 76 no total. Sem falar nos 06 postes que caíram por conta de ventanias ou acidentes e não foram repostos. Aliás, postes mal escolhidos (de ferro) e mal dimensionados para uma ponte a beira-mar.

Prolongamento da ponte no trecho sul. Faltam 5 postes de iluminação.

Além das perdas do brilho e beleza da obra, a questão mais preocupante está relacionada à segurança dos pedestres que utilizam os passeios e a ciclovia para trabalhar e praticar caminhadas e corridas durante a noite. Se a gestão do município não tomar uma providência, logo vai ficar mais complicado para essas pessoas.

Em março de 2023, a Prefeitura de Ilhéus emitiu nota sobre essa mesma questão, alegando que a competência pela manutenção é do Governo do Estado por se tratar de uma rodovia estadual, mas que, através das secretarias de Serviços Urbanos e de Infraestrutura, iria colaborar. Contudo, quase nada foi feito. O município não pode se eximir de uma competência que lhe é imputada pelo artigo 30 da Constituição Federal, no inciso V, estabelecendo que o município deve organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo que tem caráter essencial. Até porque, o artigo 149-A da Constituição mostra que os municípios e o Distrito Federal têm a prerrogativa de instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública. E o cidadão ilheense já paga taxas que variam de 10% a 20% sobre o valor líquido da conta de energia elétrica. Sendo assim, mesmo que a rodovia seja federal ou estadual, mas tendo um trecho que corte o perímetro urbano do município, é este governo local o responsável pela manutenção dessa parte da rodovia, sob pena de ser responsabilizado em eventuais ações na justiça.

Lâmpadas que não funcionam deixam áreas escuras

Placa indicativa da faixa de pedestre jogada ao chão.

Fazendo uma analogia, a atual gestão se comporta como um fanfarrão e folgado que é agraciado com um carro esportivo de R$ 100 milhões e pede para quem lhe deu o mimo que pague o licenciamento todo ano. Assim, fica difícil pra cidade crescer e se desenvolver.

Por Marcos Bezerra/TranscendNews